quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Resposta ao "apelo a todos os brasileiros e brasileiras" da CNBB

Carta aberta à CNBB

Vossa Excelência Reverendíssima Dom Nelson Westrupp, presidente do CONSER-SUL 1

Gostaria de manifestar minha profunda tristeza com relação ao texto enviado aos católicos neste domingo. Sou católico desde que nasci e também sociólogo, fatos que por si só dizem que devo escrever-lhe estas linhas.

O assunto aborto é e sempre será um tema de muita polêmica em todo o mundo. Há controvérsias com relação ao exato dia em que se forma a vida humana no ventre da mulher, o que acaba por inviabilizar a pílula do dia seguinte como método contraseptivo. A igreja também condena o uso de preservativos e demais métodos anticoncepcionais. Fico a me perguntar: Onde é que vamos chegar com tais proibições? Num país que ainda possui diversos percalsos a serem minados no quesito sexualidade, a proibição de preservativos, por exemplo, levaria a uma onda exarcebada de gravidez inesperada ou fora de hora. Jovens despreparados que devem criar-se e ainda acabam por errar vindo dar a luz a uma vida que nada tem a ver com tudo isso.
Digo isso porque estranho que a igreja tenha tomado pra si a idéia de que o Lula e sua equipe tenham apoioado o aborto da forma que está escrito em vossa carta. A lei federal já prevê o aborto em casos extremos para a mulher como estupro e risco iminente de vida à mulher. Não tenho nem idéia de como será a psiquê de uma mãe que tenha sido violentada e que tenha engravidado após tal tortura. Mas veja que a concepção ideal do nascimento foi quebrada quando da violência. O nascimento de um filho é sem sombra de dúvidas um ato de amor e de carinho entre um casal que tem como resultado um fruto perpétuo da existência dos dois. E o que há de errado nesta concepção de aborto? O PT seria capaz de liberar o aborto de forma desenfreada? Com toda sinceridade acho que nenhum brasileiro em consciência seria capaz de realizar tal ato sem justificativa plausível e sem que nós, detentores do poder de massa, fizéssemos algo pra interprelar tal ato.
Vejo a igreja como um grande espelho na vida dos fiéis. E de fato deve ser quando houver coisas horrendas acontecendo. Deve liderar movimentos, instruir de forma correta e aliar todos em busca de um objetivo. Em São Paulo, por exemplo, passamos por 16 anos de um governo do PSDB que cometeu diversas atrocidades para com a população, no entanto, não me lembro de ter recebido nenhuma carta ou cartaz mencionando apoio aos professores que apanhavam em frente ao grande palácio dos bandeirantes por exercerem o direito constitucional de greve. E por falar em educação, o que iremos fazer com nossos alunos que saem do ensino fundamental incapazes de ler/escrever corretamente? O maior Estado do país nas esferas econômicas será o pior em escolaridade? Porque permitimos que as duas forças de proteção, que detêm o aparato estatal de repressão, Polícias civil e militar brigaram durante uma greve? Irmãos de farda e profissão batendo uns nos outros mais uma vez no grande palco de São Paulo: O palácio dos bandeirantes que doravante podemos chamar de "novo coliseu".
As críticas árduas ao PT neste apelo acabam por deixar claro que a igreja esqueceu-se da importãncia deste partido ao longo do final do século XIX mais precisamente na região do ABC. O movimento sindical que mudou a trajetória deste Estado, desta região e do Brasil foram em suma organizados por este partido. A triste ditadura militar que assolou nosso país com o golpe de 64 também foi combatida pelos então guerrilheiros que outrora estariam na formação deste partido. Dilma foi uma delas, Genoíno dentre outras figuras que merecem nosso agradecimento ou pelo menos reconhecimento de que fizeram o melhor para tentar livrar o povo deste sistema.

Finalizo esta dizendo que não sou filiado ao PT nem tenho vínculos partidários. Reconheço grandes feitos históricos, pesquiso e sempre estou atrás de novas informações para combater factóides e armadilhas da imprensa contra a população.

Que nestas eleições o povo saiba julgar feitos de cada um dos candidatos e levem suas respostas as urnas após um exame de consciência sem influência da imprensa ou de quaisquer meios que venham a interferir na sua descisão.

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